A música de Roger Waters que alfineta Sylvester Stallone

Da Redação - Ruído Urbano News
Lançada no álbum Radio K.A.O.S., de 1987, a faixa "The Tide is Turning (After Live Aid)" carrega uma crítica bem direta à forma como a guerra era transformada em entretenimento pela mídia da época. Mas, ao mesmo tempo, a música não é só pancada — ela também traz uma mensagem de esperança, como se o mundo estivesse prestes a mudar para melhor. Por isso mesmo, Roger Waters escolheu essa faixa para fechar o histórico show The Wall – Live in Berlin, em 1990.
O que muita gente não sabe é que The Tide is Turning quase veio com um verso extra — mas ele acabou sendo cortado. O motivo? Evitar dores de cabeça legais com Sylvester Stallone. Roger nunca curtiu muito a forma como os filmes do astro de Rambo e Rocky exaltavam a violência e traziam uma visão exageradamente patriótica, típica da tensão da Guerra Fria.
Mesmo com o corte, Waters não deixou Stallone completamente de fora. Em algumas apresentações ao vivo, ele chegou a cantar o verso polêmico: "Agora o passado acabou, mas você não está sozinho, juntos lutaremos contra Sylvester Stallone, não seremos arrastados para o seu Mar da China Meridional de besteiras machistas e mediocridade".
Além disso, o nome do ator foi citado de maneira mais sutil no próprio refrão: "A maré está mudando, Sylvester". Curiosamente, The Tide is Turning nem estava prevista no álbum inicialmente. A faixa foi adicionada depois que a gravadora achou que o disco estava sombrio demais e precisava de um fechamento mais otimista.
Radio K.A.O.S. foi o segundo álbum solo de Roger Waters e marcou sua primeira obra após encerrar oficialmente sua briga judicial com o Pink Floyd. O disco conta a história de Billy, um garoto com deficiência física e mental que consegue captar sinais de rádio diretamente no cérebro. A partir dessa trama, Waters tece críticas afiadas ao governo de Margaret Thatcher, à cultura pop da época, à Guerra Fria e aos impactos do monetarismo.
Gravado no estúdio particular de Waters, em Londres, o álbum chegou ao 25º lugar nas paradas do Reino Unido. Apesar do conceito ambicioso, o próprio Roger já admitiu que não ficou lá muito satisfeito com o resultado final — embora continue defendendo a ideia central da obra.