Andreas Kisser comenta polêmica sobre o nome Sepultura: “Quem ia querer roubar algo destruído?”

27/03/2025
Da Redação - Ruído Urbano News

A discussão sobre quem deveria ter ficado com o nome Sepultura sempre volta à tona. Afinal, Max Cavalera – que saiu da banda em 1997 – é o responsável por batizar o grupo, inspirado na música "Dancing on Your Grave", do Motörhead. Ele mesmo traduziu "grave" para "sepultura" e assim nasceu um dos nomes mais icônicos do metal brasileiro.

Mesmo sendo coautor da marca junto com seu irmão Iggor Cavalera, Max nunca levou a disputa adiante na Justiça. Em entrevista à Folha de S. Paulo, ele disse que o nome estava registrado com os irmãos, mas decidiu não barrar os ex-colegas de seguir com o Sepultura.

Apesar disso, Max já admitiu publicamente que se arrepende de não ter ficado com a marca. Em 2018, declarou à Broken Neck Radio (via Blabbermouth):

"Se eu pudesse fazer as coisas de forma diferente, manteria o nome Sepultura, para que nunca tivéssemos perdido o nome. Porque era nosso, nós o criamos."

Anteriormente, em 2016, à Metal Insider (via TMQDA!), ele foi ainda mais direto:

"Iggor e eu deveríamos ter demitido aqueles dois babacas e ficado com o nome; por que nós não fizemos isso, eu não sei."

Do outro lado da história, Andreas Kisser refutou qualquer acusação de "roubo" do nome. Em entrevista ao podcast G1 Ouviu (via Mundo Metal), o guitarrista comentou que não fazia sentido alguém querer se apropriar de algo que, na época, estava totalmente bagunçado:

"As pessoas falam: 'ah, vocês ficaram com o Sepultura, é fácil, roubaram o nome'. Quem é que iria roubar um negócio daquele que estava destruído? [...] As nossas contas estavam um caos, porque estava muito mal administrado."

E parece que o caos era real. Andreas relembrou que, após a saída de Max, os membros restantes precisaram reaprender como gerir a banda. Em 2015, à Capital Chaos TV (via Whiplash), ele afirmou:

"Max, quando saiu, levou o empresariamento, toda a estrutura que o Sepultura tinha levado dez anos para construir [...] Mas passamos por cima disto. [...] E estamos numa situação muito melhor agora, sem sombra de dúvida."

Segundo Andreas, o grupo só conseguiu se organizar de verdade em 2014, quando deixou de lado interferências familiares e montou uma estrutura profissional para tocar o barco.

"A história do Sepultura [foi uma bagunça] até 2014. [...] Antes era mãe envolvida, era esposa de um, era irmã do outro. [...] O Sepultura foi sempre muito caótico nesse aspecto."

Ele também comentou sobre a necessidade de profissionalismo, inclusive nas relações com amigos e colaboradores:

"A gente já foi processado por roadie, que considerava amigo etc. [...] Na hora do business é outra coisa. [...] A gente não ia sobreviver à pandemia nem à saída do Eloy Casagrande se a gente não tivesse tão organizado e focado do jeito que a gente está."

No fim das contas, a disputa pelo nome Sepultura nunca foi formalizada, mas ainda rende comentários e alfinetadas de ambos os lados. Entre arrependimentos, reconstruções e aprendizados, a história da banda continua marcada por altos, baixos e muita honestidade sobre os bastidores do metal nacional.