Babymetal: o metal que canta “Gimme Chocolate!!” e ainda arranca sorriso de lenda do metal

Por Thiago Ciarlini - Ruído Urbano News
Ouvir? Curtir? Fingir que nunca vi? Ou, quem sabe, a ponte perfeita entre os pequenos e o nosso querido mundo do metal?
Ah, o dilema do metaleiro convicto.
Aquele que já acorda com Iron Maiden e vai dormir ao som de Black Sabbath. Aí, num dia qualquer, sua timeline é invadida por três garotas japonesas dançando sincronizadas ao som de riffs pesadíssimos.
Você trava. É Babymetal. E agora?
A primeira reação costuma ser o choque. "Isso é uma profanação do sagrado!" — grita aquela voz interna, enquanto você segura o vinil do Reign in Blood com mais força. Mas aí… você começa a ver as fotos.
Rob Halford, o Metal God, posando com as meninas. Kirk Hammett, do Metallica, sorrindo em paz com a nova geração. Lars Ulrich abraçado como se tivesse reencontrado suas sobrinhas otaku do colégio. E você pensa: será que eles estão vendo algo que eu ainda não enxerguei?
Babymetal não é só uma banda. É um fenômeno.
É o resultado de uma colisão frontal entre a cultura idol japonesa e o peso brutal do metal. Um choque que resultou num som que, mesmo que você torça o nariz, você ouve. Mesmo que você negue, você escuta de novo.
É cativante, é estranho, é rápido — e é pesado.
E aí vem o ponto: talvez o Babymetal não seja feito pra você.
Talvez ele tenha sido criado pra sua filha de 9 anos que canta anime opening o dia inteiro e não para de dançar com a mochila da Hello Kitty nas costas. E é aí que o jogo vira.
Porque, sejamos sinceros, quem entre nós não gostaria de ver as próximas gerações se apaixonando por distorções, guturais, contratempos, blast beats insanos e solos que fazem a alma vibrar?
Se essa porta de entrada for rosa neon e cheia de coreografia, talvez o caminho até o inferno esteja mesmo cheio de boas intenções — e ótimo gosto musical.
E veja bem: não é só "brincadeira de japa excêntrico".
O Babymetal já dividiu palco com DragonForce, foi ovacionado no Wembley Arena, levou multidões ao Summer Sonic, Rock am Ring, Download Festival, e até ao Wacken Open Air — o panteão dos festivais de metal extremo.
Ou seja, o Babymetal pode até ser estranho pros ouvidos mais ortodoxos, mas não dá mais pra fingir que é só uma fase. A essa altura, já virou gênero, linguagem e cultura.
E se seu filho cantarolando Gimme Chocolate!! te deixar em dúvida sobre onde errou... calma.
Talvez você tenha acertado.
E muito. Porque no final das contas, o que importa não é de onde vem o amor pelo metal — e sim que ele venha.
E que seja pra ficar.