Dia do Teatro e do Circo: MinC celebra trajetória de artistas e reforça apoio às artes cênicas

31/03/2025

Da Redação - Ruído Urbano News

O Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Nacional de Artes (Funarte) aproveitaram a última quinta-feira (27), data que marca o Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo, para destacar o valor das artes cênicas e homenagear quem mantém viva essa tradição.

A presidenta da Funarte, Maria Marighella, ressaltou o poder transformador dessas expressões artísticas. "Neste dia, afirmamos a imaginação e o sensível das artes na sua potência de inventar outros mundos e cenários. Celebramos criadores e criadoras das artes circenses e do teatro, linguagens da presença e de repertórios vivos em nossas subjetividades e memórias", disse.

Ela também lembrou que, em 2025, a Funarte completa meio século e reforçou o compromisso da instituição com políticas públicas específicas para o circo e o teatro. "Nosso olhar se volta também para o fortalecimento das políticas públicas específicas para o circo e o teatro, reconhecendo suas singularidades, linguagens próprias e desafios históricos", destacou.

Maria pontuou ainda que o trabalho vai além do palco ou do picadeiro. "Avançamos na construção de programas que asseguram a circulação das companhias, grupos e trupes, o fomento às dramaturgias e criações contemporâneas, a valorização das mestras e mestres das artes cênicas, bem como o incentivo a espaços de memória, pesquisa e experimentação", explicou.

Entre as artistas que representam a força do teatro está Juliana Birchal, atriz contemplada pelo Edital Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz. Ela circulou com o projeto Circulação Subterrânea: Uma Fábula Grotesca pelo Paraná, levando ao público um espetáculo que propõe reflexão e crítica social.

"O teatro é um meio de refletirmos e pensarmos sobre a transformação da sociedade. Eu acho que tenho dentro de mim um lado utópico, talvez idealista. Eu acredito muito nesse poder de transformação, por meio do sensível, da reflexão, da empatia. Acho que o teatro tem essa capacidade de tocar a gente no lugar do sensível", compartilha Juliana.

Durante a turnê, a atriz descobriu que estava grávida — o que deu um novo significado à obra. "Foi um momento em que a minha vida pessoal cruzou com a minha vida artística, e isso fez com que o próprio trabalho artístico ganhasse um outro significado, amadurecesse. Então, na verdade, a maternidade acabou também enriquecendo o próprio trabalho artístico", disse.

No espetáculo, uma mulher-cigarra enfrenta contradições sociais e morais enquanto tenta se adequar aos papéis impostos. "O espetáculo questiona a perpetuação de modelos sociais e valores morais, provoca o público a refletir sobre o lugar das mulheres na sociedade. A fábula é uma metáfora para refletirmos sobre valores e como valores conservadores têm contribuído para perpetuar um lugar de violência, de desigualdade em relação à mulher", afirma Juliana.

Já no picadeiro, a trajetória de resistência é representada por Edlamar Maria Zanchettini, do tradicional Circo Zanquetini — com mais de 90 anos de história. A família sempre batalhou para que o circo fosse reconhecido como arte legítima no Brasil.

"Fomos pioneiros em muitas ações. Lutamos para que o circo fosse reconhecido como arte, com a participação ativa de todos os artistas circenses. Hoje, posso dizer que somos vitoriosos. Fomos taxados de preconceituosos e enfrentamos muitos estigmas negativos, mas nunca desistimos. Com muito trabalho e apoio da Funarte e do Ministério da Cultura, conseguimos superar essas barreiras e hoje somos reconhecidos tanto pelas autoridades quanto pelo público", contou Edlamar.

Ela lembra que, desde 1978, o circo contou com o apoio de projetos importantes da Funarte. "Passamos por um momento muito difícil, mas com o apoio da Funarte, conseguimos nos reerguer. Agora, a Funarte e o Ministério da Cultura nos dão a atenção e o reconhecimento que sempre merecemos", afirmou.

Além disso, destacou a criação do Prêmio de Estímulo ao Circo, que evoluiu para o Prêmio Carequinha. "O circo é a nossa vida, nossa cultura e nossa história. Com o apoio da Funarte e do Ministério da Cultura, sabemos que estamos no caminho certo. O nosso circo tem futuro, e queremos continuar fazendo parte dessa linda história das artes cênicas brasileiras", completou.

Políticas para fortalecer circo e teatro

Nos últimos anos, a Funarte tem intensificado ações para dar suporte às artes cênicas. Só em 2024, foram acompanhados mais de 50 projetos do Edital Retomada 2023 – Circo e outras dezenas do programa Funarte de Apoio a Ações Continuadas. Também foi feito o acompanhamento de 48 propostas selecionadas na Bolsa Funarte de Circo Carequinha.

Na área do teatro, 77 projetos foram contemplados pelo edital Bolsa Funarte de Teatro Myriam Muniz, além de iniciativas de intercâmbio e formação cultural em todas as regiões do país. Outros editais, como o Funarte Retomada 2024 – Teatro e o Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais, também beneficiaram artistas e companhias.

Em março deste ano, foi realizada a 10ª edição da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), evento que se firmou como um dos principais no cenário nacional e internacional de teatro.

Já para 2025, está prevista uma parceria entre a Funarte e o Olhares Instituto Cultural, com um investimento de R$ 300 mil voltado ao fortalecimento das políticas públicas culturais.

Primeira celebração oficial do Dia Mundial do Teatro no Brasil

Em 2025, o Brasil será sede, pela primeira vez, da celebração oficial do Dia Mundial do Teatro, entre 27 e 30 de março. A programação terá debates sobre direitos humanos e colaborações internacionais no teatro, além de homenagens a nomes como Augusto Boal, Osmar Prado e Zahy Tentehar. Um dos destaques será a remontagem do espetáculo Revolução na América do Sul.

Por que o dia 27 de março?

A data é simbólica tanto para o teatro quanto para o circo. No Brasil, o Dia Nacional do Circo presta homenagem ao palhaço Piolin, referência na história circense do país. Já o Dia Mundial do Teatro busca reforçar o impacto social e cultural das artes cênicas, tradição que atravessa séculos e fronteiras.