Emicida comenta disputa com o irmão: "Não quero e não vou espetacularizar essa situação"

08/04/2025

Da Redação - Ruído Urbano News

Uma rixa entre os irmãos Emicida e Evandro Fióti, fundadores da Laboratório Fantasma, virou assunto quente no meio musical e deixou o universo do rap em choque. A treta, que envolve acusações e uma batalha judicial, veio à tona com exclusividade no Fantástico deste domingo (6). Enquanto Fióti falou abertamente na entrevista, Emicida preferiu não aparecer, mas mandou uma nota explicando seu lado da história.

Segundo Emicida, ele foi pego de surpresa com a ação judicial movida pelo irmão, especialmente porque, segundo ele, os dois estavam conversando para ajustar os rumos da sociedade de forma amigável. Na nota, ele destacou que a Justiça já rejeitou duas vezes os pedidos feitos por Fióti por falta de base legal. Também afirmou que as supostas provas divulgadas nas redes já foram apresentadas oficialmente e mesmo assim, não foram suficientes para convencer o juiz.

"Estou muito triste de ter que passar por tudo isso. Não quero e não vou espetacularizar essa situação, minha família, que eu amo tanto. Peço que meus fãs, amigos e parceiros compreendam este momento difícil. Deixarei que os advogados tratem do assunto daqui pra frente e torço para que nada disso precise continuar acontecendo", diz Emicida.

Acusações, respostas e um passado mal resolvido

O caso ganhou repercussão após vir a público uma acusação de que Fióti teria feito saques sem autorização, no valor de R$ 6 milhões. Ele nega qualquer irregularidade.

"Não, não fiz. Todas as transferências para ambos os sócios e a divisão de lucros desses 16 anos, sempre foram feitas seguindo os ritos de governança da área administrativa e financeira. Eu não trabalhei de maneira antiética em nenhuma vez da minha vida", afirmou.

Apesar de o processo só ter ganhado holofotes agora, Fióti revelou que o distanciamento entre os dois irmãos começou há tempos. "Quando eu percebi que existia um distanciamento entre nós, foi ali mais ou menos entre 2017 e 2018", contou.

O rompimento se tornou oficial em 28 de março, quando Emicida soltou um comunicado informando que Fióti não cuidaria mais de sua carreira artística. No mesmo dia, Fióti anunciou que estava iniciando uma nova fase na sua vida profissional.

Questionado sobre o fim da parceria com o irmão, Fióti respondeu com emoção: "Eu tenho muita saudade do Leandro que se emocionava quando eu tocava violão. Aquela foi a energia que possibilitou que a nossa família construísse uma empresa para impulsionar os nossos sonhos."

Uma história que começou unida

A Laboratório Fantasma nasceu em 2010, como um projeto familiar para alavancar a carreira de Emicida. Inicialmente, os dois irmãos tinham partes iguais da empresa, mas em 2014 uma mudança contratual alterou o jogo: Emicida passou a ser dono de 90% da empresa, enquanto Fióti ficou com 10%. A gestão principal ficou sob responsabilidade do rapper, e os dois concordaram em ter retiradas mensais como uma espécie de salário.

Fióti reforçou que seu objetivo nunca foi o dinheiro. "Dinheiro nunca foi o que me mobilizou. Desde a época que eu era servente de pedreiro, desde a época que eu fui líder em uma rede de fast-food. O que me mobiliza é o que eu quero construir. E na Laboratório Fantasma nunca foi diferente disso", disse.

O Fantástico também exibiu imagens inéditas da turnê internacional de Emicida em 2014, que marcou um momento chave na ascensão tanto do artista quanto da empresa.

Fióti refletiu sobre como o sucesso mexeu com tudo: "O que eu percebi foi que este lugar da ascensão econômica, a gente não foi preparado para o que isso traria no que a gente deveria mudar individualmente na nossa vida."

Em dezembro passado, os irmãos teriam feito um acordo para dividir bens. Fióti seguiu na gestão da empresa, mas Emicida — como sócio majoritário — teria se surpreendido com algumas transferências feitas pelo irmão. Fióti rebate: "Ele foi avisado [da transferência]. Existe um e-mail dentro dos nossos e-mails institucionais e corporativos, existem evidências disso internamente, de que ele sabia."

Inclusive, num vídeo divulgado pela Folha de S. Paulo, Emicida aparece numa reunião em que teria concordado com as movimentações financeiras.

Mesmo com toda a confusão, Fióti ainda acredita em uma solução justa:
"Eu espero que amanhã, segunda-feira, a gente consiga, primeiro de tudo resolver isso dentro de casa, com os poderes reestabelecidos em uma sociedade que é 50% e 50%. Conosco conduzindo esta situação com ética, de boa-fé juntos, de profissionais de advocacia que respeitem o que é um patrimônio construído com suor, sangue, história e legado negro", finalizou.