Resenha: “Jogo das Pedras” de O Terço em “Criaturas da Noite” (1975)

05/02/2025

Por Esdras Junior - Ruído Urbano News

A banda O Terço, que surgiu em 1968 como uma discreta figura no cenário musical conseguiu seu merecido lugar ao sol no panteão do rock nacional. Ao lado de grandes nomes como Os Mutantes, Secos e Molhados e Novos Baianos, eles construíram uma carreira sólida e marcante.

Em novembro de 1974, após contribuírem para a gravação do álbum "Nunca" de Sá & Guarabira, a banda entrou no estúdio Vice-Versa para criar sua terceira obra, intitulada "Criaturas da Noite". Este álbum, posteriormente considerado o ponto alto da trajetória do grupo, marcou uma mudança na sonoridade da banda. Ainda influenciados pelo som do rock rural, como evidenciado nas músicas "Queimada" e "Jogo das Pedras", eles adotaram uma abordagem mais acústica, destacando as violas e afastando-se um pouco das raízes do rock progressivo britânico que os inspirou no início. Os timbres e arranjos, nestas duas músicas, transportam os ouvintes para a sensação de estar em meio ao campo rural.

"Jogo das Pedras" é a sétima faixa do álbum e apresenta uma sonoridade mais acústica, destacando a viola de Flávio Venturini e Sérgio Hinds, e influências do rock rural de Sá & Guarabira. A presença do reverb na viola amplifica sua sonoridade, enquanto se mistura harmoniosamente com os elementos característicos do rock progressivo, como baixo, bateria, teclado e guitarra. As vozes também são enriquecidas com reverb, criando a ilusão de um grande coro, mesmo sendo interpretadas apenas pelos quatro membros da banda.

A inclusão de "Jogo das Pedras" no álbum foi uma decisão de última hora, substituindo a faixa "Raposa Azul". É difícil dizer se foi uma escolha acertada, mas o fato é que essa mudança reforçou a conexão da banda com o rock rural e abriu novos caminhos harmônicos e técnicos dentro deste álbum. Se "Raposa Azul" tivesse permanecido, ela teria sido apenas mais uma faixa no conjunto, enquanto "Jogo das Pedras" expandiu horizontes e explorou novos territórios musicais.

Os membros da banda O Terço durante a gravação do álbum "Criaturas da Noite" eram:

  • Flávio Venturini: voz, piano, órgão, sintetizadores e viola
  • Sérgio Hinds: voz, guitarras e viola
  • Sérgio Magrão: baixo e vocal
  • Luiz Moreno: bateria e vocal

Convidados especiais do álbum incluíam Cesar De Mercês, que contribuiu com vocais e percussão em algumas faixas, e Marisa Fossa, que emprestou sua voz à quarta faixa.

A ficha técnica de "Criaturas da Noite" inclui:

  • Direção Artística: Paulo Rocco
  • Direção De Produção: O Terço
  • Engenheiros de Som: Carlos A. Duttweller e Marcos Vinicius
  • Assistentes de Engenharia: Renato Nani e Wilson
  • Local de Gravação: Estúdio Vice-Versa, São Paulo, de novembro de 1974 a maio de 1975
  • Arranjos para a Orquestra: Rogério Duprat
  • Arranjos: O Terço
  • Capa: "A Compreensão" por Antonio e Andre Peticov

O gênero musical deste álbum é uma fusão de Rock Rural, Progressivo e Rock Nacional, criando uma experiência auditiva única que marcou profundamente a música brasileira. "Jogo das Pedras" é apenas uma das muitas joias deste álbum notável.

Esdras Junior é produtor musical e compositor, Proprietário do Estúdio "Toca do Cangaço" (@tcrecords) e Socio Fundador do RuidoUrbanoNews