Roger Waters discursa na ONU e manda recado para os EUA sobre guerra na Ucrânia

21/02/2025

Da Redação - Ruído Urbano News

O eterno baixista do Pink Floyd, Roger Waters, voltou a fazer barulho na ONU! Na última segunda-feira (17), ele participou de uma reunião do Conselho de Segurança, a convite da Rússia, e não economizou nas críticas aos Estados Unidos e ao Reino Unido sobre o conflito na Ucrânia. E detalhe: tudo via videoconferência e com um broche da Palestina no peito.

Waters abriu seu discurso de forma quase poética: "sobre guerra, paz e amor". Mas não demorou para colocar os aliados ocidentais no centro da polêmica. Segundo ele, os EUA e o Reino Unido empurraram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a continuar no embate, que já se arrasta por anos.

Conforme publicado pelo jornal português Expresso, Waters relembrou sua reação quando a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022:

"Meu sangue gelou [no dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022]. Tudo podia ter sido evitado através da diplomacia, do senso comum, ao falarmos uns com os outros."

Numa espécie de "teatro político", o músico encenou um diálogo entre Boris Johnson e Zelensky, conforme destacou o Observador:

"Essa guerra convém aos americanos. Eles acham que enfraquecerá a Rússia. Então foi decidido continuar pelo tempo que for preciso. Quanto mais tempo demorar, melhor. Eles continuarão a enviar munições e gostariam que você [Zelensky] apenas continuasse a lutar."

Waters também comentou o recente telefonema entre Donald Trump e Vladimir Putin. Segundo ele, a conversa é um sinal positivo na busca por negociações de paz:

"Talvez haja um vislumbre de luz no fim deste túnel escuro de guerra. Chegou três anos e centenas de milhares de vidas inestimáveis tarde demais. Mas talvez, apenas talvez, seja um começo."

Waters e a ONU: uma história de discursos marcantes

Não é a primeira vez que Waters aparece na ONU para dar sua opinião política. Em fevereiro de 2023, também a convite da Rússia, ele criticou a invasão da Ucrânia, mas não sem antes ressaltar que "foi um conflito provocado".

"Foi um conflito provocado. Portanto, também condeno os provocadores nos termos mais fortes possíveis. Pronto, isso está fora do caminho."

A Rolling Stone apontou que algumas das palavras escolhidas por Waters sugeriam uma certa inclinação pró-Rússia, como ao se referir à Ucrânia como "the Ukraine", termo associado à era soviética e rejeitado pelo governo ucraniano.

No fim das contas, sua principal mensagem foi um apelo para o fim da guerra. Waters se apresentou como um porta-voz dos "milhões sem voz" e deixou sua mensagem final:

"Obrigado por nos ouvir hoje, somos muitos que não compartilham dos lucros da indústria de guerra. Não criamos nossos filhos e filhas de bom grado para fornecer forragem para seus cónegos. Em nossa opinião, o único curso de ação sensato hoje é pedir um cessar-fogo imediato na Ucrânia. Sem 'se', sem 'mas', sem 'e'. Não há mais uma vida ucraniana ou russa para ser gasta – todas elas são preciosas aos nossos olhos."

Mas nem todo mundo comprou o discurso. O embaixador ucraniano Sergiy Kyslytsya não deixou barato e ironizou com uma referência a "Another Brick in the Wall":

"É irônico, se não hipócrita, que Waters tente agora encobrir outra invasão. Que triste para seus ex-fãs vê-lo aceitando o papel de apenas 'mais um tijolo na parede' – a parede da desinformação e propaganda russa."

Já o diplomata russo Vasily Nebenzya ignorou qualquer parte incômoda do discurso e celebrou a "análise muito precisa dos acontecimentos" de Waters, reforçando que o Ocidente é quem está em guerra com a Rússia.

Enquanto isso, o representante americano Richard Mills fez questão de dar uma alfinetada, conforme registrado pela BBC:

"Eu certamente reconheço que ele tem credenciais impressionantes como artista musical. No entanto, suas qualificações para falar conosco como um especialista em controle de armas ou questões de segurança europeias parecem menos evidentes para mim."

No fim, Waters segue sendo Waters: polêmico, engajado e sempre pronto para um novo round no ringue da opinião pública.