Steve Harris relembra Paul Di’Anno: “um patife adorável”

Da Redação - Ruído Urbano News
O baixista e líder do Iron Maiden, Steve Harris, falou sobre o saudoso Paul Di'Anno, descrevendo o ex-vocalista como um "patife adorável". Apesar da relação conturbada que tiveram no passado, os dois se reaproximaram nos últimos anos e mantiveram contato até pouco antes da morte do cantor, em outubro de 2024.
A treta entre eles não era segredo pra ninguém. Paul sempre jogou no ventilador que sua saída do Maiden, em 1981, foi culpa do estilo "general" de Harris, que, segundo ele, não dava espaço pra sua criatividade. Mas o tempo passa, as rusgas vão ficando no passado, e em 2022, antes de um show da Donzela de Ferro na Croácia, os dois se reencontraram depois de décadas sem se ver – e o momento foi descrito como emocionante.
Depois desse reencontro, Di'Anno revelou que os dois mantinham um relacionamento amigável e até trocavam mensagens pelo WhatsApp. E Harris confirmou isso recentemente à revista Classic Rock, contando que conversou com o vocalista até pouco antes dele falecer.
De acordo com a transcrição do site IgorMiranda.com.br, ele disse:
"Estive em contato com ele até algumas semanas antes de sua morte. Paul era um patife adorável. Gostava de me irritar se vestindo como o vocalista Adam Ant. Ele fazia qualquer coisa para me provocar. Digamos que ele gostava de irritar as pessoas. E isso ele fez! Ele costumava me chamar de Hitler. Já fui chamado de Aiatolá [considerado sob as leis do Islão xiita o mais alto dignitário na hierarquia religiosa] e Sargento, mas Hitler realmente supera tudo."
Harris também destacou o talento vocal de Paul, mas admitiu que ele não se preocupava o suficiente em preservar sua voz. Na visão do baixista, a falta de confiança do cantor em si mesmo só agravava o problema:
"A voz de Paul tinha uma certa qualidade. Havia um aspecto áspero. Mas ele não se cuidava. Ele tinha esse botão de autodestruição. E tive a impressão de que ele nunca acreditou de verdade que poderia chegar ao próximo nível. Acho que havia uma insegurança ali."
Steve Harris e Paul Di'Anno
Em uma entrevista à Classic Rock no início de 2023, Steve Harris falou sobre sua reaproximação com Paul Di'Anno. Quando questionado se as desavenças do passado tinham ficado para trás, o baixista garantiu que não havia mais ressentimentos. Ele até relembrou, com bom humor, o momento em que o ex-vocalista o comparou a Adolf Hitler durante uma coletiva de imprensa:
"Achei que não havia nenhuma situação a ser superada. Paul disse algumas coisas sobre sua época no Maiden, mas isso é Paul. É como ele é e como sempre será. E não tenho nenhum problema com isso. Certa vez, ele me chamou de Hitler, o que deixou algumas pessoas ofendidas, mas eu achei engraçado."
Paul Di'Anno foi a voz dos dois primeiros discos do Iron Maiden, Iron Maiden (1980) e Killers (1981), antes de Bruce Dickinson assumir os vocais. Após sair da banda, ele tentou outros caminhos com projetos como Di'Anno, que tinha um som mais comercial, e Battlezone, que apostava em algo mais pesado. Também passou por grupos como Killers, Praying Mantis, Gogmagog, Scelerata e Architects Of Chaoz. Nos últimos tempos, estava envolvido com a banda Warhorse, formada por músicos croatas, enquanto fazia tratamento médico no país.
A saúde de Paul já vinha preocupando os fãs há anos. Uma grande mobilização foi feita para ajudá-lo a tratar problemas nos membros inferiores. Infelizmente, o vocalista faleceu no dia 21 de outubro de 2024, aos 66 anos, após sofrer uma parada cardíaca.
Apesar dos altos e baixos, o legado de Paul Di'Anno segue vivo – e, como Steve Harris bem definiu, ele sempre será lembrado como um "patife adorável".