Yngwie Malmsteen fala sobre sua independência artística e controle absoluto na carreira

Da Redação - Ruído Urbano News
O lendário guitarrista sueco Yngwie Malmsteen sempre foi conhecido por seu estilo virtuoso e, também, por sua abordagem rígida ao trabalho. Em uma entrevista ao La Hora Del Vértigo By Stairway To Rock, transcrita pelo Blabbermouth, o músico explicou por que faz questão de tomar todas as decisões criativas em sua carreira, deixando claro que sua visão artística é única e inegociável.
"Alguns de vocês entenderam mal o que eu sou, o que estou fazendo, o que realmente sou", disse Malmsteen, ao falar sobre sua trajetória e como sua metodologia de trabalho foi moldada desde a infância. Criado em um ambiente musical na Suécia, o guitarrista destacou que nunca se sentiu confortável no país, especialmente por conta da falta de incentivo a músicos e compositores.
Desde cedo, ele tomou as rédeas de sua jornada musical. "Ganhei meu primeiro violão aos cinco anos, comecei a tocar aos sete e nunca mais parei. Comecei bandas quando tinha oito, nove, dez anos. Não eram realmente bandas", explicou. Ele relembrou um episódio da infância para ilustrar sua postura de liderança: "Eu estava na terceira série e disse a uma criança na classe: 'Ei, na sexta-feira, temos um show.' 'Ah, é? O que você quer dizer?' 'Você tem que tocar bateria.' 'Eu não toco bateria.' 'Vou te ensinar a tocar bateria.' 'Eu não tenho bateria.' 'Está tudo bem. Eu tenho bateria.' Naquela sexta-feira, fizemos um show."
Com essa mentalidade, Malmsteen construiu sua carreira, passando por bandas como Steeler e Alcatrazz, até firmar seu nome como artista solo em 1984. Segundo ele, essa identidade individual sempre foi clara, apesar de outros músicos terem passado por seus projetos. "Agora, todas essas pessoas que entraram e saíram dos meus projetos parecem pensar que têm algo a ver com isso. Não têm. Não importa quem está cantando minhas músicas. Não importa quem está tocando o baixo, o teclado ou a bateria", afirmou, comparando sua posição com a de um compositor clássico: "É como dizer que o terceiro violinista da Orquestra Filarmônica Tcheca é importante para os concertos para violino de Vivaldi."
Mesmo reconhecendo que seu perfil controlador pode ser difícil para alguns, ele não vê problemas nisso. "Se você quiser, pode me chamar de maníaco por controle. Vá em frente. Me chame assim o dia todo. Assumo a culpa", declarou. Ele ressaltou que sua visão artística abrange desde a música até os mínimos detalhes de suas apresentações: "Eu decido quando a máquina de fumaça dispara. Eu decido quais cores de luz estarão na estrutura frontal da iluminação. Eu construo o show inteiro, a coisa toda, todas as noites."
Para ilustrar sua abordagem, Malmsteen comparou seu método de trabalho ao de grandes artistas do passado. "A música é uma forma de arte. Assim como a pintura. Assim como escrever livros. A maneira como Leonardo da Vinci e outros do gênero abordavam sua arte é mais parecida com o que eu faço. Não pinto metade e chamo alguém, 'Ei, você pode vir e me ajudar com o resto da pintura?'" Ele ainda enfatizou que essa maneira de trabalhar não significa que ele não goste de colaboração, mas sim que sua visão já está completamente definida antes mesmo de executar um projeto.
"Não estou dizendo que há algo errado com o que outras pessoas fazem. Só estou dizendo que, para mim, já tenho uma visão tão clara do que quero ter na minha cabeça… Todo mundo tem que encontrar seu próprio caminho", afirmou, mencionando até a parceria entre John Lennon e Paul McCartney como um exemplo de um método diferente do seu.
Atualmente, Malmsteen se prepara para o lançamento de "Live in Tokyo", um álbum ao vivo que chega em 25 de abril e que registra um show realizado na capital japonesa no ano passado. O trabalho celebra os 40 anos de sua carreira solo e reafirma sua filosofia artística: um caminho trilhado com autonomia absoluta.